Porque o II Fórum?

O bom desempenho de Cabo Verde como Nação é largamente reconhecido, tendo o Banco Africano de Desenvolvimento comissionado e publicado um estudo sobre o caso de Cabo Verde delineando as lições e experiências aprendidas para outros decisores políticos, países e regiões. Contudo, o país está a enfrentar a desafios emergentes. 
 
O sucesso de Cabo Verde, a anémica recuperação económica global e a crise contínua que a Zona Euro enfrenta  criaram novos e emergentes desafios que resultam em grandes pressões no que respeita à ajuda externa, aos investimentos diretos estrangeiros e ainda, às preocupações relativas à armadilha do rendimento médio, isto é, atado às consequências do baixo nível de investimento, do lento crescimento, de uma reduzida diversificação da base produtiva e das limitadas condições do mercado de trabalho.  
 
A taxa de crescimento económico de Cabo Verde está a baixar. A estimativa de crescimento real do PIB pelo Banco de Cabo Verde (BCV) é de 5.1 por cento em 2011 e 4.3 por cento em 2012. O BCV também estima uma redução da procura doméstica, do consumo do sector privado e do investimento. Espera-se ainda que a construção, a agricultura, o consumo público/despesas e o nível de receitas provenientes dos impostos diminuam em 2012, havendo sinais de melhoria em 2013. Em relação às remessas, os dados indicam uma redução para aproximadamente 8 por cento do PIB, resultado de um declínio nas remessas da Eurozona, região que representa a parcela principal das transferências para Cabo Verde.
 
A médio prazo, Cabo Verde não vai ser elegível para empréstimos concessionais das principais instituições internacionais, tais como o Banco de Desenvolvimento Africano até 2014 e, supõe-se,, especialmente se o baixo crescimento global e a crise na Zona Euro continuarem, que as ajudas em forma de “grants” dos parceiros de desenvolvimento do país diminuirão ainda mais, ao mesmo tempo que a janela para aumentar o nível da dívida se vai fechando. Isso num período em que existe uma necessidade de investimento volumoso para continuar a melhoria das infraestruturas; qualificar os recursos humanos e aprofundar e alargar reformas. Estes são pré-requisitos para que a economia de Cabo Verde seja competitiva.
 
Há, pois, necessidade de estratégias robustas e inovadoras. A visão para a transformação económica é clara e continua a ser uma saída e a melhor via para evitar a armadilha de rendimento/médio. Esta visão está baseada na ampliação da base económica e na criação de serviços de alto valor acrescentado - agro-negócios, turismo, finanças, negócios/TICs, “outsourcing”, indústria de cultural/criativa, aeronegócios.
 
Olhando para o futuro, Cabo Verde tem que encontrar formas de competir no mercado internacional com base na qualidade, eficiência, alta produtividade e elevada capacidade inovadora. A Inovação constante é particularmente crucial para uma economia baseada em serviços, tendo como objetivo a construção de uma economia competitiva alicerçada em inovação e alta produtividade, requerendo infraestruturas de qualidade, mão-de-obra treinada e altamente capacitada, e um ambiente institucional condizente para o negócio ao nível das melhores práticas.Muito tem sido feito mas é preciso fazer mais para edificar um sistema educativo de elevada qualidade que estimule a criatividade, o desenvolvimento de capacidades técnicas e facilite inovações.
 
A situação de Cabo Verde torna-se mais complexa e desafiante em consequência das vulnerabilidades estruturais. A insularidade versus descontinuidade e a pequenez territoriais impõem custos elevados para as atividades económicas, muito em particular na multiplicação de infraestruturas por todas as nove ilhas habitadas, para o encontro de respostas aos elevados custos com os transportes, fatores básicos como a água e energia, equipamento social, etc.   
 
Daí que uma década depois do primeiro Fórum, seja tempo para uma avaliação construtiva do avanços e projetar o futuro.