Por Paulino Dias, caboverdeano, jovem e sonhador.
Cabo Verde é um país pequeno. Dez ilhas espalhadas no meio do Atlântico e uma alma que se estende das achadas e cutelos de Santo Antão à Brava, às ruas movimentadas do mundo onde labutam os nossos emigrantes. Ainda frágil e bastante dependente do exterior, apesar do enorme salto que demos desde a independência. Mas – felizmente! - somos um país de sonhadores…
Ao longo da nossa história, sempre ousamos sonhar. Aliás, nascemos, enquanto nação, de um sonho quase impossível, de habitar estas dez ilhas desertas sem especiais atractivos para além de situar-se na encruzilhada de múltiplas civilizações. Sonhámos e tornamo-nos realidade enquanto POVO!
Séculos mais tarde, ousamos sonhar com a construção de um Estado independente. Sonhámos. Vários, descrentes, nos riram à socapa e disseram-nos loucos (que é, afinal, a beleza do sonho sem um cadinho de loucura?). Mas mais uma vez tornamo-nos realidade, enquanto Estado - independente, soberano, orgulhosamente REPÚBLICA DE CABO VERDE!
Sonhámos depois país desenvolvido, democrático, de rendimento médio, focalizado na melhoria contínua das condições de vida da população. Sonhámos, e aí está: democracia reconhecida a nível mundial, terceiro país melhor governado da África, PIB per capita de 3.600 dólares (contra menos de 200 dólares em 1975), Índice de Desenvolvimento Humano entre os mais elevados do continente!
Somos, indiscutivelmente, uma nação de sonhadores, pois! De sonhadores e de sonhos que se transformam em realidade. Temos, por isso, de continuar a sonhar, de erguer ao vento novas bandeiras e de construir novas visões, de pensar futuros. Como necessidade imperiosa e sobretudo como RESPONSABILIDADE da nossa geração. Mas sonhar grande, grande como o tamanho da nossa alma crioula - somos pequenos demais para nos darmos ao luxo de sonhar pequeno. Por isso eu sonho.
Em 2030, sonho com um Cabo Verde dinâmico, competitivo, com instituições ágeis, eficientes e facilmente ajustáveis. Um Cabo Verde com uma população instruída, criativa, inovadora, produtiva e com visão global, com a habilidade de combinar sonhos grandes de longo prazo com atitudes, comportamentos e acções consistentes nas nossas rotinas do dia-a-dia. Um Cabo Verde com a capacidade (em termos institucionais, humanos e de infraestruturas) de construir oportunidades de crescimento económico, nas dinâmicas do meio envolvente. Enfim, um Cabo Verde mais rico, mais saudável, mais educado e cada vez mais reconhecido como o país de almas gigantes. O país da morabeza.
O PAÍS ONDE OS SONHOS SE TRANSFORMAM EM REALIDADE!
Este é o Cabo Verde que quero ver em 2030!
Cidade da Praia, 23 de Abril de 2014